Como muitos de vocês devem saber, o uso de equipamentos aéreos não tripulados, como o drone, têm sido cada vez mais utilizados em levantamentos dos mais diversos tipos, seja para topografia, sensoriamento remoto, mapeamento geológico e até monitoramento operacional em minas.
Com esse artigo, trago questões pertinentes para cada um desses usos, que podem instigar a utilização dessa ferramenta e até servir como ponto chave na qualidade dos trabalhos finais.
O uso mais comum de aerolevantamentos com drone está na topografia.
A aplicação desse equipamento para levantamentos planialtimétricos trouxe melhorias surpreendentes. Com o uso do drone é possível obter uma nuvem de pontos muito mais densa em relação a um levantamento comum. Enquanto que um levantamento com GPS RTK (Real Time Kinematic) ou Estação Total possuem em torno de dezenas e centenas pontos, o mesmo levantamento com o auxílio do drone poderá possuir uma malha mais de 100 vezes maior, com dezenas de milhares de pontos. Tais dados, nos proporcionam uma visão mais detalhada de uma mesma área, fortalecendo a base para inúmeras aplicações.
Mas cuidado! Apesar do uso do drone aprimorar o resultado final dos levantamentos topográficos, o uso de outros equipamentos como GPS RTK e estação total não é dispensável. Ao contrário, os pontos obtidos com esses equipamentos são essenciais para a precisão do trabalho, pois esses são os chamados pontos de controle (check points). Após o levantamento de dados em campo, ocorre então o processamento em softwares como o Agisoft Metashape, onde esses pontos de controle são inseridos e servem como base para a melhoria de precisão.
Após o processamento, os dados obtidos com drone podem ser utilizados na obtenção de fotos ortorretificadas, Modelos Digitais de Elevação (MDT) e Modelos Virtuais de Superfície (MVS), que permitem a visualização de todos os elementos dispostos num terreno, sendo muito úteis inclusive na análise estrutural, com a delimitação de falhas e fraturas, bem como no diagnóstico geotécnico em uma mina a céu aberto.
Hoje, como tendência, é possível utilizar o drone como instrumento de controle em minas a céu aberto, na quantificação de volumes, na geometria das cavas e, como já mencionado anteriormente, no monitoramento geotécnico. Independente da periodicidade, as imagens e demais dados obtidos com o drone nos permitem avaliar com maior precisão dados de progressão da lavra e até mesmo resultados de desmonte de rochas, incluindo avaliação de ultralançamentos e fragmentação.
Quanto ao mapeamento geológico e a pesquisa mineral, sabemos que é usual nesses estudos o sensoriamento remoto, onde utilizados imagens hiperspectrais de satélite e avaliamos o potencial prospectivo com base na espectroscopia de amostras coletadas em campo.
De uso recente, o acoplamento desses sensores em drones possibilita não só a produção de uma mapa espectral mais detalhado, de maior escala, como também a identificação espectro-mineralógica de furos de sondagem, facilitando a vida do geológo e proporcionando a redução de custos na pesquisa mineral. Além disso, outro auxílio dessa ferramenta está durante o mapeamento geológico em campo, onde é possível identificar afloramentos em locais de inacessível ou difícil acesso.
Este artigo, foi produzido com a intenção de destacar o potencial e a aplicabilidade do uso de drone na mineração, mas para além do setor mineral, saliento que tais dados podem também auxiliar em outras áreas como em laudos de cobertura vegetal ou quaisquer outros estudos de diagnóstico do meio físico, como por exemplo delimitação hidrográfica.
Agradeço ao Topógrafo Anderson Petermann pelas contribuições.
Referências: